...die
Natur kann die
Entelechie
nicht entbehren...
(...
a natureza não pode
dispensar
a enteléquia...)
manter a enteléquia
ativa
quero
dizer
como
o fósforo
(branco)
que
acende dentro d’água
com
o fogo no pórfiro
(dentro)
a
pala d’oro
*
a
enteléquia:
a
que enracina
e
desraíza
o
que centra
e
descentra
o
que ímã
e
desimanta
o
que no corpo
desincorpa
e
é corpo: áureo
aural
aura
*
mantê-la
viva
no
arco voltaico dos cinquent’anos
consona
a lira dos vinte
e
vibra
é
o mesmo fogo no signo do leão
para
a combustão desta página
virgem
o
mesmo soco no plexo solar
a
mesma questão (combustão)
de
origem
*
a
enteléquia
mantê-la
viva
*
entre
larva e lêmure
viva
entre
treva e tênue
viva
entre
nada e nênia
viva
*
a
enteléquia
esse
fazer que se faz de fazer
*
talvez
um pó
depois
que a asa cai
e
desala
(cala)
*
um
íris um cisco
luminoso
um
último rugitar dos neurônios
farfalhados
um nu de urânio
alumbrando
sensório:
pala d’oro
ou
a chama que tirita
no
âmago do pórfiro
*
mantê-la
ativa a enteléquia
*
rosácea
de nervuras negras
vapor
de ouro
por
onde o azul e o roxo coam
vê-la
para além transvê-la
chuva
de rosas destenebrantes
aspirar
esse aroma
viva
mantê-la viva
a
enteléquia
*
uma
forma de transcender no descender
*
poeira
radiosa
quartzo
iridescente
a
natureza incuba a metáfora
da
forma
a
tresnatura: formas
em
morfose
*
ativa
a
enteléquia ativa: a
música
das esferas
*
não
há anjos nessa órbita querúbica
há
poeira (poesia) radiante
casulos
resolvidos em asas
um
comover de harpa eônia
um
riso onde a dissolta enteléquia
(nó
desfeito no após do pó)
primavera
Haroldo de Campos - A educação dos cinco sentidos
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